Padroeira

A devoção a Nossa Senhora do Sagrado Coração é muito cara aos Missionários do Sagrado Coração, pois está intimamente ligada a sua história e carisma. O que a torna tão singular entre tantas devoções é que sua origem não está associada a uma aparição ou milagre, mas a uma inspiração dada a Padre Júlio Chevalier, quando este buscava honrar Maria de um modo especial.

Este título revela o projeto de Chevalier de promover de todos os modos que estivessem ao seu alcance a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, como remédio para os males de seu tempo; É interessante destacar, que o título de Nossa Senhora do Sagrado, segundo os estudiosos da vida de Chevalier, deve ser lido da direita para a esquerda, ou seja, levando-se em conta que trata-se de um título mariano cristocêntrico, onde o centro do título e também da imagem que o representa, será o Coração de Jesus, apontado por Maria como fonte e origem de tudo: “é obvio que na mente de Chevalier havia somente uma devoção central: a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus. No entanto, para ele, a Virgem Maria estava inseparavelmente relacionada com o Sagrado Coração de seu Filho. 

Todas as graças, incluídas as graças de estender a Devoção ao Sagrado Coração, vinham do Sagrado Coração através de Nossa Senhora. Para Chevalier, Nossa Senhora era a primeira Missionária do Amor do Sagrado Coração, e a Missionária do Sagrado Coração por excelência. […] A devoção à Nossa Senhora do Sagrado Coração torna-se parte essencial da Devoção ao Sagrado Coração, e um elemento vital do carisma de Chevalier será viver e estender essa devoção.

Após revelar o novo título aos seus companheiros, ele próprio explica o seu significado, resumindo-o em 4 pontos:

  1. Por este título, damos graças e glorificamos a Deus por ter escolhido Maria para formar o Sagrado Coração de Jesus. O texto se refere a formação física do Coração de Jesus como base para posteriores relações;
  2. Honramos os sentimentos que Jesus teve para com sua Mãe em seu Coração. A relação de amor entre Jesus e Maria é mútua.
  3. Honramos o poder que Jesus lhe deu sobre o seu Coração;

  4. Pedimos a Maria que nos guie até o Coração de Jesus como fonte de vida.

E posteriormente acrescenta mais dois pontos:

  1. Reparar com NSSC e através dela os ultrajes cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus, e consolar sua dor e amargura através de uma vida mais edificante;

  2. Confiar a NSSC a solução de todas as dificuldades, casos extremos e desesperados, tanto em ordem espiritual como temporal.

Fonte: Site dos MSC – Província de São Paulo

Em 03 de julho de 1950, com Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus foi declarada PADROEIRA PRINCIPAL DA PRELAZIA DE PINHEIRO, cuja festa pelo mesmo Decreto foi fixada para o dia 08 de maio. 

Em 1974, a Sagrada Congregação pelo Culto Divino houve por bem transferir a mencionada festa de Nossa Senhora do Sagrado Coração para o dia 31 de maio, encerramento do mês mariano.

A Manifestação de Nossa Senhora em Pinheiro

Nas primeiras horas da noite do dia 10 de setembro de 1953, na Praça da Matriz, aconteceu um sinal admirável, através do qual a Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, manifestou aos seus filhos de Pinheiro a sua materna benevolência. Era precisamente 19 horas quando a cidade fora surpreendida com a curiosa notícia de que as lâmpadas que circundavam o extinto pedestal da estátua de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, em frente à Matriz de Santo Inácio, tinham-se acendido inexplicável, extraordinária e prodigiosamente por três vezes. Na época, a cidade de Pinheiro não possuía energia elétrica e o motor gerador que fornecia energia estava queimado há meses.

Logo correram à casa dos Padres para informar o ocorrido. Frei José foi o responsável por levar a notícia a Dom Afonso, que estava no quintal de casa rezando o Terço. Várias foram as pessoas que presenciaram o milagre, pois estavam sentadas no limiar das portas, conversando ao ar livre, e todos foram unânimes em afirmar o fato. Nesse momento, passava perto do pedestal da Virgem Maria, o Sr. Djalma Schalcher Veloso, morador da Praça da Matriz, o qual afirmou que em três vezes se acenderam e apagaram as luzes dos quatro ângulos ao pé da estátua de Nossa Senhora, sendo que, na terceira vez, se iluminou também as pequenas lâmpadas da sua coroa.

Logo pensaram que o motor elétrico tivesse voltado a funcionar, muita gente acudiu à praça, muitos ainda acenderam velas, rezaram o Terço, tudo isso numa manifestação espontânea e empolgante. No processo canônico instalado por Dom Afonso, ele citaria que “o fato inexplicável do dia 10 de setembro aconteceu quando o Maranhão estava esperando do Pará a imagem de Nossa Senhora de Fátima, oriunda do seu Santuário em Portugal, que estava em peregrinação pelo nosso país.” Dom Afonso havia recebido a proposta de recebê-la em Pinheiro, mas não teve coragem de aceitar por dois motivos: o motivo econômico, pois os recursos eram poucos e as despesas poderiam ser muito altas e fora do orçamento; o segundo motivo foi por questões de prudência, uma vez que havia em Pinheiro um espírita que “vomitava” a cada dia insultos pesados contra nossa religião e com ele alguns adeptos, e com a chegada da imagem de Nossa Senhora isso poderia acontecer, causando uma explosão injuriosa contra a Mãe de Deus. Julgou, então, conveniente renunciar a oportunidade, mas sentiu muito não poder prestar homenagens à Nossa Senhora que visitava as Dioceses do Brasil.

O máximo que conseguira foi que a aeronave sobrevoasse por alguns instantes a cidade, mesmo estando às escuras. E justamente nesse dia, nessa noite, com sua materna bondade, Nossa Senhora nos visitou à sua maneira, com este sinal prodigioso a este povo que tanto a ama e a venera.

O fato foi noticiado no Jornal Cidade de Pinheiro (edição de 13/09/1953) e também foi objeto de processo canônico para o qual Dom Afonso erigiu um Tribunal Eclesiástico.