Nasceu no dia 02 de maio de 1897, na cidade de Marrara, na Itália Central. Durante a 1ª Guerra Mundial, com apenas 18 anos de idade, serviu o exército italiano com o grau de Tenente, tendo apenas iniciado a Faculdade de Química na Universidade de Bologna. Durante uma batalha, caiu prisioneiro com muitos outros companheiros e passou no cativeiro, na Hungria, quase dois anos. É muito provável que nas reflexões favorecidas pela longa inatividade do cativeiro, tenha surgido nele o desejo de se consagrar a Deus no apostolado missionário.
Terminada a guerra e readquirida a liberdade, continuou seus estudos universitários formando-se em Química e trabalhando, por um certo tempo, como “Assistente” do Catedrático. Entretanto, se concretizava sempre mais seu desejo de servir a Deus, sendo que no ano de 1924 resolveu abraçar a Vida Religiosa, entrando no Noviciado dos Missionários do S. Coração, na França, perto de Marselha, tendo como colega, entre outros, o futuro Pe. Pedro Tidei.
Filho único e, portanto, herdeiro de toda a fortuna de pais abastados, entrou na Vida Religiosa, tomando ao “pé da letra” as palavras de Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me” (Mt 19, 21), entregou toda a importância, muito vultuosa, que tinha recebido dos pais, já falecidos, para a Congregação dos M.S.C. que, com ela, adquiriu o Castelo de Narni, na Itália Central, onde por 43 anos foi sede da “Pequena Obra”, Seminário Menor da Congregação, no qual estudaram, entre outros, não poucos Padres que, em seguida, com ele trabalharam em Pinheiro.
No dia 08 de outubro de 1925 emitiu a Profissão Religiosa e em dezembro de 1928 foi ordenado Sacerdote em Roma, depois de ter frequentado a Universidade Gregoriana, como aluno do Escolasticado Internacional dos M.S.C.
O ardente desejo que ele tinha de trabalhar nas Missões teve que ser sacrificado por um longo período de 10 anos, quando a Obediência o enviou à cidade de Florença como Diretor do Escolasticado. Finalmente, quando em 1939 a Santa Sé confiou à Congregação dos Missionários do S. Coração a recém erigida Prelazia de Pinheiro, no dia 01 de junho de 1940, Pe. Afonso M. Ungarelli foi nomeado pelo Papa Pio XII Administrador Apostólico da nova Prelazia. Porém, mais uma vez, uma guerra mundial – e, desta vez, a segunda – veio a interferir com os planos de D. Afonso. Exatamente por causa da guerra, não lhe foi possível partir logo para Brasil.
No ano de 1946 o Religioso chegou à cidade de Pinheiro, com mais oito companheiros. No dia 13 de novembro de 1948, apenas pouco mais de 2 anos de sua chegada ao Brasil, e contra toda praxe daquele tempo, mas evidentemente levando bem em conta o trabalho já realizado em tão pouco tempo, o Padre Afonso M. Ungarelli foi nomeado Bispo da Igreja titular de Azura, sendo que, naquele tempo, Pinheiro ainda continuava como Prelazia e não tinha ainda sido elevada à Diocese. A sagração episcopal, como então se diria, foi realizada em São Paulo.
A crônica dos anos que passam da sua sagração episcopal até o dia 05 de julho de 1975, quando, por ter atingido a idade hoje prevista pelo Direito Canônico, D. Afonso renunciou à Prelazia de Pinheiro. Mas ela fica certamente guardada no coração de todos os pinheirenses, bem como no “Livro da Vida” onde o bom Deus marcou, passo por passo, toda a atividade deste “Servo bom e fiel” (cf Mt 25,21).
Contudo, não podemos deixar de salientar a expressiva participação de D. Afonso no Concílio Vaticano II. Nos anos que precederam a Celebração do Concílio, D. Afonso trabalhou na Comissão Preparatória da Disciplina dos Sacramentos e, durante os trabalhos conciliares, escolhido pelos Bispos do Brasil, tomou parte ativa na “Comissão para as Missões”. Talvez bem poucos saibam que, além de um interventor muito apreciado na aula conciliar durante o debate sobre a Liturgia, D. Afonso foi autor da nota de n° 37 ao número 6 do 1° Capítulo do “Decreto ad Gentes”, com a qual quis tutelar os interesses “daquelas regiões da América Latina nas quais falta a hierarquia própria”, preocupado como estava com a “sua” Prelazia de Pinheiro.
Dom Afonso criou a Paróquia de São Sebastião de Bacuri em 26 de fevereiro de 1966. Ordenou para o nosso Clero os Padres William Guimarães da Silva, Ozires Ubirajara Ferreira, Filipe Signore e Giovanni Allevi, italiano, mas que se tornou o primeiro Padre da então Prelazia de Pinheiro. Ordenou os primeiros padres Missionários do Sagrado Coração, filhos da cidade de Pinheiro, a saber: Thomaz de Jesus Beckman, Antonio Carlos Ribeiro, Almir Lima Silva e Geraldo Lima Silva.
A partir do fim do ano de 1975 retirou-se em Macaé, na Diocese de Nova Friburgo e ali mesmo faleceu aos 23 de Maio de 1988. No dia seguinte, seu corpo foi transladado para o Aeroporto de Alcântara e depois seguiu para Pinheiro, onde passou a noite na Igreja de São José do Fomento. Na manhã do dia 26 esteve na Igreja de São Benedito e, por fim, seguiu para a Catedral de Santo Inácio de Loyola, quando foi celebrada a Santa Missa, presidida por Dom Ricardo Pedro Paglia, então Bispo de Pinheiro, e concelebrada por Dom Guido Maria Casullo, que foi Bispo Auxiliar da Prelazia, seguida de sepultamento na Igreja Matriz de Santo Inácio, onde repousa e que, por 29 anos foi a sua Catedral.
Dom Guido nasceu em Monteleone di Puglia, na Itália Central, aos 27 de maio de 1909, filho de José Antonio Casullo e Catarina Contella Casullo. Foi batizado em 2 de junho do mesmo ano. Em 1920 prestou com sucesso o exame de acesso ao ginásio e em 04 de novembro do mesmo ano começou seus estudos no Seminário Diocesano de Ariano Irpino (Avelino). Os anos se passam e aos 6 de janeiro de 1932 foi ordenado Diácono. Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 17 de julho de 1932. Como jovem sacerdote, foi por 5 anos professor de Filosofia e por 3 anos de Pastoral e de Missiologia no Pontifício Seminário Regional de Benevento, do qual foi também Vice-Reitor. No ano de 1940 foi nomeado Vigário da Paróquia de São João Batista em Ariano Irpino. Finalmente, em 15 de julho de 1951, foi sagrado Bispo residencial da Diocese de Nusco, onde permaneceu por 12 anos.
Em 1962, Dom Guido trabalhou na comissão de Liturgia do Concílio Vaticano II. Aproveitou os diversos contatos para apresentar e insistir em sua proposta de trabalho missionário. E em 17 de dezembro do ano corrente teve finalmente aceita a sua demanda, a partir de duas propostas, uma para África, outra para o Brasil. Pediu ao Papa João XXIII para renunciar à própria Diocese e, assim foi enviado para o Brasil como Bispo Auxiliar do então Bispo Prelado de Pinheiro, Dom Afonso Maria Ungarelli. Seu lema era “OMNI SPES VITAE” (Toda esperança da vida).
A viagem Itália – Brasil iniciou-se a 12 de maio de 1963, com escala em Fátima para receber a benção de Nossa Senhora. Chegou ao Rio de Janeiro em 17 de maio, onde fez curso intensivo de português.
Foi o primeiro e único Bispo Auxiliar desta nossa Igreja Particular até os dias de hoje.
Em 17 de janeiro de 1962, sendo dividida a Prelazia de Pinheiro, tinha sido erigida canonicamente a Prelazia de Cândido Mendes, para a qual em 1965 Dom Guido foi nomeado primeiro Bispo Prelado.
Atingindo o limite canônico de idade, em 1984 renunciou ao governo daquela Prelazia na qual, contudo, permaneceu até 1986. Continuou com entusiasmo e dedicação de sempre o seu ministério sacerdotal, especialmente de um apreciado Confessor e Diretor espiritual por 5 anos da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, dos Religiosos da “Sagrada Família de Nazaré”, em Fortaleza, congregação esta que trabalha em nossa Diocese, na Paróquia de São Bento, desde o ano de 1957.
Por vezes as filas se prolongaram até às 10 horas da noite. A cada ano passava quatro meses em missão de solidariedade em Canindé, junto a seus irmãos franciscanos, ajudando nas confissões. A partir de 1991, Dom Guido tornou-se hóspede do Arcebispo de Fortaleza, no Seminário da Prainha, a semear as grandes riquezas do seu coração no atendimento de muitas almas que o procuravam, sedentas de orientação espiritual. Em 2001, Dom Guido comemorou o Jubileu Episcopal e lançou o Projeto Lar Sacerdotal Sagrada Família para Presbíteros e Bispos idosos ou doentes. Em 4 de abril de 2003, Dom José Antônio Aparecido Tosi Marques preside a Assembléia de fundação do Instituto Lar Sacerdotal com a participação de Dom Guido. Em 15 de dezembro do mesmo ano, aprova o projeto da primeira casa do Lar Sacerdotal a ser construída na Comunidade Espiritual Uirapuru Dom Guido Maria Casullo veio a falecer em 10 de janeiro de 2004, com 95 anos, no Hospital Gastroclínica, sendo sepultado na cripta da Catedral de Fortaleza.
Dom Carmelo Cassati, M.S.C., nasceu em 06 de abril de 1924 na cidade de Tricase, no Sul da Itália. Frequentou a “Pequena Obra” de Narni, Escola Apostólica dos M.S.C., na qual cursou o Ginásio, depois passou para o Noviciado de Agrano, onde fez a primeira Profissão religiosa, em 29 de setembro de 1942. Frequentou os Cursos de Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, na qual conseguiu a Licença em S. Teologia. No dia 17 de dezembro de 1949 recebeu a Ordenação Sacerdotal. Terminados os estudos de Teologia, em junho de 1950, pediu aos Superiores de ser enviado a trabalhar na então Prelazia de Pinheiro, para onde viajou com companheiros: Pe. Domingos, Pe. Luís e Pe. Bento, em novembro de 1950. À sua chegada, permaneceu em São Luís, onde foi capelão da Santa Casa de Misericórdia por 7 meses.
Em setembro de 1951, Dom João Panico, tio materno de Dom Carmelo e, naquela época, Núncio Apostólico no Peru, pediu aos superiores a presença do sobrinho, por causa da sua instável saúde. E, assim, Dom Carmelo acompanhou o tio Núncio, antes no Peru e, em seguida, no Canadá (onde aproveitou para obter licença em Direito Canônico) e, finalmente, em Portugal. Quando Dom João Panico, em 1962 foi nomeado Cardeal e, portanto, chamado à Roma, Dom Carmelo o acompanhou também naqueles que foram os últimos trės meses de vida do tio, sendo que o Cardeal Panico veio a falecer quase logo depois de ter recebido, pelo Papa João XXIII, a cardinalícia Púrpura Romana. De 1962 até 1967 Dom Carmelo foi secretário particular do Cardeal Ottaviani, um dos mais destacados membros da Cúria Romana. Em 1967 Dom Carmelo voltou para Pinheiro e de 1968 até 1970 foi Superior religioso dos M.S.C. italianos no Maranhão e Ceará.
Aos 27 de abril de 1970, o Padre Carmelo foi eleito à Igreja Titular de Nova Cermania; ordenado Bispo em 28 de junho do mesmo ano, foi logo pedido por Dom Afonso como Bispo Auxiliar. Em 05 de julho de 1975 sucedeu a Dom Afonso como 2° Prelado de Pinheiro, cargo que ocupou até 26 de maio de 1978, quando teve que renunciar por motivos de saúde. Tendo voltado para a Itália em 12 de fevereiro de 1979, foi nomeado Bispo (residencial) de Tricarico, não longe de sua cidade natal. Em 07/09/1985 foi transferido para as duas Dioceses de Lucera e São Severo e, finalmente, em 15/12/1990 foi nomeado Arcebispo e transferido para as Dioceses de Trani, Barletta e Bisceglie. Em 15 de novembro de 1975, Dom Carmelo cria canonicamente a Paróquia do Divino Espírito Santo de Mirinzal, sendo a única Paróquia criada por ele em nossa Igreja Particular.
Ainda que longe do Brasil, pelo menos um pedaço do coração de Dom Carmelo ficou certamente conosco, como é provado pelo fato de quem 1994, de acordo com Dom Ricardo, enviou Sacerdotes do seu Clero para tomarem conta da Paróquia de Santa Helena. Dom Cassati permaneceu na diocese até sua aposentadoria em 13 de novembro de 1999. Cassati viveu em Eufemia-Tricase até sua morte, aos 92 anos, no dia 4 de fevereiro de 2017. Foi sepultado na cripta da Igreja Matriz de Tricase.