UMA PARÓQUIA MISSIONÁRIA É POSSÍVEL: As pequenas comunidades como luz de renovação para o caminho do Reino de Deus.

Ana Luzia Costa Ferraz¹

Pe. Márcio Hélio C. Silva²

Dentre tantas adversidades existentes em nossas Paróquias, uma que podemos perceber com muita preocupação é a escassez de membros engajados na missão deixada por Jesus de Nazaré. Compreender que o seguimento de Cristo nos desinstala do nosso comodismo e nos lança para a missão é tarefa fundamental para vivermos um tempo que nos desafia grandemente, especialmente após uma pandemia que nos distanciou e acomodou ainda mais.

Pensar na missão deixada por Jesus à sua Igreja, atualmente, nos abre leque para pensarmos o agir dos missionários, das paróquias e da própria Diocese enquanto conjunto harmônico. Cabe aqui o questionamento: queremos continuar em uma paróquia envelhecida, com as mesmas atividades, os mesmos costumes ou queremos renová-la e viver ao estilo de Jesus de Nazaré? Sabemos que nos abrir para o novo nem sempre é fácil, as mudanças requerem coragem e determinação e isso Jesus nos ensina em seu caminhar.

Queremos afirmar, inicialmente, que, pensar um Jesus individualizado, apenas para satisfazer nossas necessidades pessoais e que impede de nos importarmos com os outros, como muitas ‘igrejas e denominações’ pregam, não parece ser o caminho. Tampouco pensar um Jesus de cultos bonitos, celebrações glamurosas, mas sem vida, que não fazem o que há muito Ele pediu: praticar o direito e a justiça; defender a causa dos órfãos e das viúvas (Is 1,17) parece ser a direção correta. Isso nos remete ao que tanto tem falado o Papa Francisco em seus documentos e alocuções: “não quero uma Igreja tranquila, mas missionária”, que cuide dos pobres e necessitados. Esse é o rosto de Paróquia que queremos refletir aqui.

Pe. Luís Mosconi no livro “A VIDA É MISSÃO”, afirma, tão sabiamente que, Jesus foi o grande inspirador de um movimento de renovação de transformação das estruturas arcaicas e pesadas da religião judaica. Ele escolheu e se aproximou de pessoas sem se importar com sua classe, raça ou mentalidade, ainda que fossem inconsistentes. O propósito dele era lapidar cada um com os seus ensinamentos, a fim de construir um reino de paz, onde todos pudessem ser vistos como filhos de Deus. Essa proposta deu tanto certo que os próprios apóstolos deram suas vidas por essa causa posteriormente.

Vemos, hoje, a necessidade de voltarmos à fonte que é Jesus e nos lançarmos outra vez à missão, como nos disse o mestre: “ide por todo o mundo e a todos anunciai o Evangelho… Eis que estarei convosco todos os dias” (Mt 28, 16-20). Não podemos mais pensar uma Igreja que se preocupa apenas com os ‘20 ou 30’ que já participam das missas e cultos; que não vai de porta em porta em busca dos doentes, dos marginalizados; que se preocupa mais com sua estrutura burocrática do que com a missão (mais uma vez recordamos os ensinamentos do Papa Francisco na Evangelii Gaudium). E, é nesta perspectiva que as Santas Missões Populares nos convidam a ser essa nova igreja, conhecendo de pertinho os passos de Jesus de Nazaré, buscando alternativas para um novo estilo de vida. Cabe a cada Paróquia com seus padres e leigos, religiosos e religiosas, abraçarem essa proposta como uma luz de renovação, recordando as Pequenas Comunidades do começo da Igreja.

Vamos voltar ao tempo. Primeiramente Jesus convidou doze pessoas para conhecer o Reino de Deus. Com eles Jesus conversava, ceava, partilhava tudo aquilo que queria fazer e isso foi encantando este grupo que depois foi chamado de apóstolos. Nesse pequeno grupo todos se envolviam na vida de todos, pautados pelo modo de viver de Jesus. Aqueles homens briguentos, que já não sonhavam mais, que tinham pensamentos diferentes uns dos outros, começaram comungar com os mesmos sonhos de Jesus, de um Reino de irmãos. E isso fez com que, após sua morte e ressurreição, com a força do Espírito Santo eles saíssem pregando por toda a parte, construindo, a exemplo do mestre, pequenos grupos, que viviam segundo os ensinamentos do Senhor.

Diante dessa reflexão, sentimos que é hora de nos tornamos PARÓQUIAS MISSIONÁRIAS, feita de pequenos grupos, não dividimos egoisticamente em guetos, mas vivendo e manifestando a todos o amor de irmãos, apresentado por Jesus, e como o próprio mestre disse: “nisso todos saberão que sois meus discípulos” (Jo 13, 35). É hora de renovar as pastorais existentes, tornando-as missionárias, apaixonadas pela proposta de Cristo. É hora de sairmos em direção às periferias da vida, curando, como bons samaritanos os caídos na beira do caminho, e são tantos! Para tanto, apresentamos aqui algumas sugestões a fim de que cada paróquia possa viver ao estilo de vida de Jesus de Nazaré:

  • Abraçar a proposta das Santas Missões Populares que são prioridade em toda a Diocese;
  • Compreender que a missão não é uma atividade a mais, mas uma maneira de vida diária deixada por Jesus;
  • Dar centralidade à Palavra de Deus com estudos bíblicos em pequenos grupos;
  • Os padres, representantes do bispo nas Paróquias, devem ser os primeiros a incentivar e viver as missões e ajudar na construção das pequenas comunidades;
  • Todos precisamos falar das Santas Missões nas celebrações, nas reuniões, nos encontros, a fim de deixar as pessoas cientes, atentas e que se sintam corresponsáveis pela missão;
  • Não fazer da missão uma simples tarefa, mas o modo de viver da Igreja;
  • Ajudar para que todas as pastorais, movimentos, grupos, se convertam à missão;

Finalizamos afirmando que a formação das pequenas comunidades com o estudo dos evangelhos é hoje um imperativo, pois assim, conheceremos bem mais a vida de Jesus e, a partir de sua vida e missão, saberemos por onde ir e o que fazer. Essa é uma proposta interessante para a renovação das nossas Paróquias, especialmente nestes tempos de pós pandemia. O modelo das pequenas comunidades nos motiva a um novo jeito de evangelização: ser igreja nas casas, no dia a dia do povo, construindo da base, o Reino de Deus. Reafirmamos que UMA PARÓQUIA MISSIONÁRIA É POSSÍVEL, tendo por base as pequenas comunidades como luz de renovação para o caminho do Reino de Deus.

Que você acha dessa proposta?

  1. Leiga da Paróquia de Sõa José; membro do conselho missionário paroquial – COMIPA; Pedagoga e Professora do Colégio Pinheirense;
  2. Coordenador de Pastoral da Diocese de Pinheiro; Diretor do Colégio Pinheirense.

3 Comentários

  • Essa é uma bela proposta, uma metodologia prática para realização e vivência das diretrizes gerais da Igreja do Brasil que nos convida a fortalecer as comunidades a partir das pequenas comunidades que vão se formando nas ruas, bairros, residenciais…

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  • Gostei da proposta acho muito válida, pois as pequenas comunidades se tornaram grandes apartir dos ensinamentos, e só aprenderam se alguém os ensinar .
    Vamos juntos nessa proposta

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  • A missão de Jesus é muito bonita, dinâmica … basta termos coragem, discernimento, vocação e principalmente FÉ, assim iremos avançar para “águas mais profundas “

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