PISTAS PARA UMA VIVÊNCIA SINODAL NA CAMINHADA ECLESIAL DA DIOCESE DE PINHEIRO

Pe. Anderson Costa Pereira¹

Sem dúvidas, Sinodalidade é a palavra do momento. Podemos, sem medo, afirmar que a Sinodalidade é o kairós da Igreja. O Papa Francisco afirmou em discurso aos 17 de outubro de 2015, na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, que “o caminho da Sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” e que “o compromisso de edificar uma Igreja sinodal é uma missão a que todos somos chamados”. Desse modo, a Sinodalidade expressa o traço fundamental da identidade eclesial. Quero aqui explicitar, de acordo com o pensamento do Papa Francisco, três pistas de ação que devem ser postas em sinergia para uma profícua vivência sinodal em nossa caminhada eclesial, de modo particular na Diocese de Pinheiro.

1ª Pista – UMA MUDANÇA DE MENTALIDADE: A Sinodalidade expressa em sentido teológico tanto uma mentalidade que possibilita o acontecimento sinodal, quanto o modo de viver e conviver em comunidade. Mais do que a promoção do “evento Sínodo”, falar em Sinodalidade, como o Papa Francisco tem chamado atenção, significa operar com outra mentalidade, que direciona o agir pastoral da Igreja, em um novo modo de viver e de agir (modus vivendi et operandi). Disse Jesus Cristo: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus: convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Ora, esse “convertei-vos”, do grego metanoia, significa uma “mudança de mentalidade”.  O tema da Sinodalidade ensina que mentalidades caducas, clericalistas e hierarquizantes têm que mudar por inteiro. Converter-se é mudar o jeito de ver e viver a própria vida e, ao se converter, muda a própria comunidade e alcança a reforma eclesial. Sem esse processo de conversão interior não haverá uma Igreja sinodal.

2ª Pista – A ESCUTA: Uma das marcas da Sinodalidade é o diálogo, enquanto capacidade de escutar. O ato de escutar é fundamental. O Sínodo tem essa característica de ser o lugar onde se pode ouvir vozes concordantes ou dissonantes. A meta necessariamente não é o consenso ou a unanimidade, mas aprender a conviver com as mais diversas realidades. Assim, a Igreja aprende a ouvir e não somente ensinar. Como afirmou o Papa Francisco no discurso comemorativo sobre o Sínodo, “o início do processo sinodal se dá na escuta do povo” e, ainda, “uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, ciente de que escutar é mais do que ouvir”. A Sinodalidade conclama por uma Igreja aberta a escuta dos sinais dos tempos. Por uma consciência de que a Igreja é inseparável de sua situação no mundo e deve estar sempre de portas abertas para exercer o serviço da escuta e do diálogo, colaborando para que haja comunhão e corresponsabilidade entre os mais diversos ministérios eclesiais. O Texto-base da CF-2022 afirma que “é fundamental uma pedagogia da escuta, que rompa com o paradigma de pedagogias silenciadoras” (texto-base, n.28). Diz a Palavra de Deus: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3,6).

3ª Pista – A COMUNHÃO NO DINAMISMO MINISTERIAL: outra característica de uma Igreja sinodal é a valorização dos ministérios leigos. Tal valorização é fundamental numa Igreja de comunhão e participação. A valorização dos ministérios leigos propicia “a comunhão na missão e a missão na comunhão”, afirma o Documento de Aparecida (cf. DAp, n.163). O Concílio Vaticano II pensa a ministerialidade laical em colaboração estreita com os ministérios ordenados. Segundo a Constituição Lumen Gentium, o Povo de Deus se caracteriza pela relação de comunhão entre os ministérios leigos e ordenados e não em uma relação de subserviência. Aqui defende-se a realidade da comunhão ministerial como expressão de toda a Sinodalidade da Igreja. A comunhão ministerial se constata também na valorização de Conselhos e de Assembleias Pastorais, nos mais diversos âmbitos eclesiais.  A comunhão é o elemento central que torna irmãos todos os seguidores de Jesus Cristo dispersos pelo mundo inteiro. A comunhão é a própria expressão viva do Evangelho. Esta comunhão sinodal entre os diversos ministérios eclesiais faz da Igreja toda ela ministerial. A Diocese de Pinheiro sempre acreditou nos ministérios leigos, passos largos já foram dados, porém não devemos ter medo de avançar para águas mais profundas (cf. Lc 5,4).

Por fim, pergunto: Quais são as implicações destas pistas de ação em busca de uma maior vivência sinodal? A tônica da Sinodalidade como princípio que orienta o agir pastoral da Igreja está na necessidade de renovação das estruturas eclesiais, a começar pela Comunidade (de modo particular a Paróquia). Tema para outra reflexão…

  1. Presbítero da Diocese de Pinheiro, possui graduação em Filosofia e Teologia pelo IESMA, Especialização em Ciências da Religião e em Sagradas Escrituras. Atualmente é mestrando em Teologia Cristã pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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