O FAZER PASTORAL DURANTE E PÓS PANDEMIA
“UMA NOVA PASTORAL PARA NOVOS TEMPOS”
O mundo tem passado por um estado crítico de calamidade pública e sanitária, diante da qual precisamos, como seres humanos, ter muita calma e seguir orientações consistentes. Como Igreja também temos passado por situações difíceis, que têm feito aflorar uma gama de ideias positivas e audaciosas para manter viva a fé do nosso povo e a ação salutar da Igreja de Jesus.
Por outro lado, temos sofrido bastante com o arrefecimento das ações pastorais, das articulações missionárias, encontros formativos etc., pois o fechamento e a necessidade do distanciamento em muito prejudicou o processo de evangelização. Queremos nestas breves palavras trazer um pouco de luz e reflexão sobre a necessidade de pensarmos uma pastoral diferente para esses novos tempos, tais pautadas nas palavras do Papa Francisco e sua encíclica Evangelii Gaudium, escrita em 2015 e que se faz necessário nestes tempos pandêmicos.
Quando o Papa afirma que o ponto fundamental da Igreja é a missão, ele não apenas diz que a Igreja precisa sair em busca das ovelhas perdidas, mas ir ao encontro de todas as ovelhas, sejam as perdidas, sejam as que já estão no redil. Ele afirma também que o próprio Cristo não se cansou de ir ao encontro dos seus, e mesmo em poucos anos de missão, conseguiu plantar a semente da esperança no coração das pessoas, especialmente dos apóstolos, que em seguida continuaram a missão.
Atualmente vemos a mesma necessidade: ir ao encontro das pessoas, nas casas, nas ruas, nos seus locais de trabalho, lazeres etc. e com uma pitada de ousadia anunciar-lhes o Evangelho, sem querer necessariamente colher os frutos, pois estes são do Senhor. Nesse sentido, surge um questionamento: Como ajudar as Pastorais, movimentos a se transformarem em pastorais decididamente missionárias, que vão em busca das ovelhas de Jesus? A primeira resposta é lembrar que o cerne da vida cristã é a MISSÃO. Não pode existir pastoral ou movimento cristão que não seja para anunciar a boa nova, para falar de Jesus aos seus irmãos. Daí que o primeiro conselho para ajudar as pastorais e movimentos é entender que elas existem para a missão, para ir ao encontro dos irmãos e não somente ficar esperando-os na Igreja.
Trazemos à tona, novamente, as palavras do Papa Francisco: “Espero que todas as comunidades se esforcem para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão”, e diz mais, “constituamo-nos em estado permanente de missão”. Para tanto, a criatividade precisa ser explorada: coordenadores de pastorais, leigos, religiosas e religiosos devem sentar-se como irmãos para pensar uma nova dinâmica pastoral, onde as práticas missionárias devem ser repensadas, reavaliadas, aperfeiçoadas. Como diz o Papa Francisco: “a causa missionária deve ser a primeira de todas as causas, e a missão deve ser o coração de toda e qualquer pastoral”.
O tempo da pandemia, certamente não foi um tempo de “esterilidade pastoral”, houve diversas pastorais, movimentos, Paróquias, Dioceses quer souberam se reinventar, buscando novas metodologias e novos caminhos. Não somente a internet foi explorada, mas tantas outras maneiras – rádio, carro de som, alto-falantes, cartas, bençãos nas ruas etc.
Ressaltamos, desta feita, que a Igreja nunca perdeu a sua dimensão missionária, com efeito, nestes novos tempos precisa se reinventar, reorganizar suas ações e planejar cada passo, a fim de que o evangelho seja anunciado a todos os filhos de Deus, como pediu o próprio Cristo: Ide por todos os cantos e a todos anunciai a Boa Nova” (Mt 28,16-20).
Outro ponto que vale a pena ser tocado neste processo de pensar uma nova ação pastoral é a mudança de mentalidade dos leigos e leigas, também dos sacerdotes e bispos: todos são missionários, e todos os lugares são propícios para um anúncio. A visita a um amigo, a um doente, um encontro / almoço familiar, todos esses lugares e ocasiões podem proporcionar um bonito anúncio do Evangelho. Pensar que somos constituídos pelo batismo como missionários de Jesus nos fará aproveitar cada circunstância para plantar a semente da fé, tal como Jesus o fazia.
Além disso, como recorda o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, as estruturas precisam ser renovadas, horários, atividades, a fim de alcançar a todos. Há muita atividade “para dentro”, é preciso ir “para fora”. A proposta do nosso Papa é de uma “Igreja em saída”, que não se contenta somente com as celebrações e reuniões dentro das quatro paredes da Igreja ou do salão paroquial. Como diz nosso querido Papa: “todos precisamos nos converter à missão”.
Mudemos e nos adequemos. A mentalidade, os horários, o jeito de fazer missão, a concepção do que seja a missão, sempre voltados para o nosso maior exemplo: Jesus de Nazaré, que em cada lugar e a cada pessoa deixava o gosto de experimentar a força misericordiosa de Deus. Saiamos, nos convertamos à missão, esse é o caminho para uma nova pastoral em novos tempos.
Pe. Márcio Hélio Cardoso Silva
Coordenador Diocesano de Pastoral
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