É PRECISO CUIDAR DE QUEM TEM FOME

Pe. Sandoval Ferreira dos Santos¹

Durante a Quaresma a Igreja do Brasil realiza a Campanha da Fraternidade. Este ano, com o tema “Fraternidade e fome”, juntamente com o lema “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16), incentiva nossas comunidades a assumir suas responsabilidades ante a situação da fome que persiste no Brasil, a exemplo do Mestre Jesus. A Campanha da Fraternidade é o modo brasileiro de celebrar a Quaresma em espírito de caridade.

No Brasil mais de 33 milhões de pessoas não têm o que comer ou vivem na insegurança alimentar, segundo os dados do IBGE. A urgência em combater essa triste realidade motivou a Campanha da Fraternidade deste ano. Conforme o Texto-base divulgado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “a fome é um instinto natural de sobrevivência presente em todos os seres vivos. Contudo, na sociedade humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, é a negação da própria existência”.

Assim, com esta Campanha, os Bispos do Brasil desejam neste tempo quaresmal, “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo” (objetivo geral da CF). Mais uma vez a Igreja do Brasil fala, denuncia, reflete e reza sobre um triste cenário que afeta a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.

A nossa Diocese de Pinheiro, unida as demais Dioceses do Brasil, nos chama a atenção e nos convida a cuidar de quem tem fome e a refletir porque no País chamado de celeiro do mundo se multiplica a fome em tão grande proporção. É necessário que percebamos que podemos superar essa realidade no exercício da fraternidade, na prática do amor que Jesus nos ensinou: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado” (Jo 13,34). Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, esta preocupação aparece latente quando o Papa afirma que “somos chamados a cuidar dos mais frágeis da Terra”. Não podemos deixar ninguém caído nas margens da vida.

Por isso, faz-se necessário e urgente, diante do drama da fome, recuperar a paixão compartilhada para vivermos em comunidades solidárias capazes de dedicar tempo, esforços e bens aos irmãos. Que também possamos lutar por políticas públicas de apoio à agricultura familiar que podem cumprir um importante papel na superação da fome. É tempo de nossas comunidades perceberem que tudo isso é promoção e anúncio do Evangelho que vem acompanhado de ações concretas e fraternas cheia de solidariedade e fé.

Por fim, para realizarmos uma boa Campanha, convido a todos a rezar a oração da CF 2023: Pai de bondade, ao ver a multidão faminta, vosso Filho encheu-se de compaixão, abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Confiantes na ação do Espírito Santo, vos pedimos: inspirai-nos o sonho de um mundo novo, de diálogo, justiça, igualdade e paz; ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária, sem fome, pobreza, violência e guerra; livrai-nos do pecado da indiferença com a vida. Que Maria, nossa mãe, interceda por nós para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa, sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos. Amém.

1. Pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Presidente Sarney e Coordenador diocesano da Campanha da Fraternidade e Assessor Diocesano da Catequese.