DÍZIMO E SINODALIDADE

Pe. Paulo Celso Nogueira Oliveira¹

Estamos vivendo um momento ímpar da caminhada da nossa Igreja em nível global: a convocação feita pelo Papa Francisco para a celebração de um Sínodo, com o desejo de envolver todo o povo de Deus, com a duração de três anos (2021 a 2023). A grande novidade é o tema do Sínodo, não algo em particular, mas o que deve ser o próprio caminho percorrido pela Igreja: a sinodalidade. O que significa uma fiel escuta ao Espírito Santo, sem em nenhum momento deixar de lado a sua vocação para a missão.

Sempre foi um sonho latino-americano uma Igreja ministerial, participativa, missionária, profética, fraterna e sinodal. Sonho sonhado por muitos, havendo sempre uma busca incessante para que se tornasse realidade. Foram inúmeros os documentos, assembleias, congressos, retiros, provas do esforço de muitos Agentes de Pastorais, membros do Corpo de Cristo, que colocaram as suas vidas à disposição do Evangelho. E agora, a partir do Papa Francisco, recebem impulso e perspectiva de concretização destes grandes ideais.

Através do dízimo temos mais do que a participação dos fiéis na caminhada da Igreja, eles tornam-se protagonistas da evangelização, pois para evangelizar precisamos de recursos humanos e financeiros.

O dízimo dá condições para a missão acontecer, faz com que o nome de Deus se torne conhecido e o Amor de Jesus atinja mais corações. Outro aspecto importante é a corresponsabilidade, uma vez que os dizimistas não são meros ouvintes da Palavra. Tornam-se praticantes à medida que a compreendem e abrem o seu coração às necessidades do Reino de Deus.

O objetivo da Pastoral do Dízimo não é ser constituída por contribuintes de uma comunidade e sim por cristãos convertidos que têm consciência da sua missão, do seu apostolado, que entenderam o chamado de Deus a serem instrumentos de salvação. O dízimo torna-se também uma forma para a consolidação de uma Igreja sinodal. Ele busca o envolvimento de toda a comunidade, um verdadeiro caminhar juntos de braços dados, cada um de acordo com as suas possibilidades e dons recebidos. O importante não é o valor e sim a pessoa que se aproxima das outras, com o mesmo ideal e a mesma busca, a saber: a realização do projeto de Deus.

O dízimo traz em si valores importantes do Evangelho de Jesus Cristo. Dízimo é gratidão, reconhecimento a um Deus tão maravilhoso e presente na vida de seus filhos e filhas, do qual nos vem toda a graça e toda a bênção. O dízimo é uma resposta a imensos benefícios que nos foram dados, é um sinal de fé, ter presente que tudo nos vem deste Pai que, por amor, nos criou, nos salvou e nos sustenta no caminho da vida. É a vivência coerente da nossa crença, um Deus que nos fez irmãos, formando uma família de crentes, responsáveis uns pelos outros, vivendo unidos proclamando as maravilhas do Criador.

Enquanto Igreja Diocesana já percorremos um bom caminho como Pastoral do Dízimo. Por muito tempo recebemos dos nossos irmãos da Europa e do Canadá. Somos muito gratos por tudo isso que fizeram por nós. Reconhecemos, também, o empenho, a doação e a dedicação dos missionários que vieram às nossas terras. Atualmente vivemos um novo momento, onde somos convocados ao protagonismo e à autossustentação. 

Não existe outro caminho, a não ser de uma Pastoral do Dízimo bem consolidada, unida ao Bispo, ao Presbitério, aos objetivos e metas do Plano de Pastoral Diocesano.

Sempre quando falamos de Batismo, chamamos atenção ao compromisso do cristão: ser batizado é ser comprometido com o Reino de Deus, comprometido com o anúncio do Evangelho, testemunhas do Ressuscitado, elementos próprios da vivência do dízimo e do caminho sinodal da Igreja. Quanto maior a sinodalidade, maior o comprometimento com a comunidade de fé, da qual o dízimo é parte fundamental, sem ele a Igreja fica sem meios para cumprir a sua tarefa primordial.

1. Presbítero diocesano da Diocese de Pinheiro. Graduado em Filosofia e Teologia pelo IESMA. Atualmente exerce o ofício eclesiástico de reitor do Seminário Maior Dom Ungarelli em São Luís/MA.