A IGREJA É MISSÃO!
Marinaldo Lopes Neto¹
Muitos de nós crescemos ouvindo em nossas Comunidades, em nossas Celebrações ou em outros momentos do cotidiano da fé o refrão “é missão de todos nós, Deus chama eu quero ouvir a sua voz”. Esta e outras canções missionárias expressam uma certeza que deve estar sempre presente no coração daqueles que decidiram seguir Jesus: a vida é missão e a missão gera o sentido que a nossa fé precisa para não morrer fechada em si mesma.
O Cristianismo nasce do encontro pessoal com Jesus Cristo, que, por sua vez, incentiva os seus discípulos a serem homens do encontro e da saída quando lhes disse: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Portanto, ser cristão, ser comunidade e ser Igreja necessariamente deve implicar ser anunciador de uma Boa Nova, isto é, ser missionário.
A missão não pode ser uma realidade secundária, ter um prazo de validade ou ser vista como uma coisa de pouca importância na Igreja. Pensar dessa maneira é desconsiderar sua própria natureza (Ad Gentes, n. 2). A alegria da Igreja é continuar a missão de Jesus Cristo como fizeram os primeiros Apóstolos.
Neste sentido, em cada batizado reside uma responsabilidade não só eclesial como também existencial. “Não só temos uma missão, mas somos uma missão”, afirma o Papa Francisco. Tal consciência missionária deve ser permanentemente alimentada em cada um de nós. A missão é – e sempre foi – a identidade da Igreja: “Ela existe para evangelizar”, como escreveu o Papa Paulo VI (Evangelii Nuntiandi, n. 14).
O Documento de Aparecida resumiu isso de maneira interessante ao desejar uma “Igreja em estado permanente de missão” (Documento de Aparecida, n. 551). Isso significa dizer que a missão não é algo optativo, uma atividade entre tantas outras, mas um elemento vital de ação evangelizadora. A Igreja é missão.
A vida missionária da Igreja sempre foi cheia de desafios e superações, incompreensões e graças alcançadas, acolhimento e perseguições. Entre estes dilemas se encontra o risco de uma “amnésia eclesial” que nos leva a um esquecimento da identidade missionária da Igreja, ou seja, não recordar que em nosso coração pulsa a missão.
De acordo com Dom Maurício Jardim, em um artigo publicado no site das POM, na história recente da nossa Igreja, este foi um dos motivos que levou o Papa Pio XI a instituir o Dia Mundial das Missões, em 1926, celebrado anualmente no penúltimo domingo do mês de outubro. Após quarenta e seis anos, em 1972, o Brasil começa, não apenas a celebrar um dia, mas um mês inteiro para despertar, em medida maior, a consciência da missão ad gentes por meio da Campanha Missionária Nacional.
Este marco dá a Igreja do Brasil a graça de celebrar neste ano o ANO JUBILAR MISSIONÁRIO: “a Igreja em estado permanente de missão”. A inspiração bíblica é de At 1,8: “Sereis minhas testemunhas”. Os motivos jubilares são: 50 anos de criação do Conselho Missionário Nacional (COMINA); 50 anos das Campanhas Missionárias; 50 anos dos Projetos Igrejas-Irmãs; 50 anos do Conselho Missionário Indigenista (CIMI); 50 anos do Documento de Santarém; 60 anos do Centro Cultural Missionário (CCM) e 70 anos da criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
No âmbito internacional celebramos: 400 anos de criação da Congregação para Evangelização dos Povos; 200 anos do nascimento da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF), fundada em 1822, pela venerável Paulina Jaricot; 150 anos do nascimento do beato Paolo Manna, PIME, fundador da Pontifícia União Missionária; 100 anos do Motu Proprio Romanorum Pontificum do Papa Pio XI, com o qual, em 1922, designou as Obras Missionárias como Pontifícias.
Em seu mandato missionário “Cristo fez um pedido aos seus discípulos e hoje faz a cada de nós, pediu para construírem a sua vida pessoal em chave de missão” (Papa Francisco, mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2022). Essa construção se dá pela oração, pela vivência comunitária, pelo anúncio e principalmente pelo testemunho de vida.
Portanto, mais do que nunca, cada cristão é convidado a se embrenhar nas periferias geográficas e existenciais, a sujar-se com a lama das estradas, pois a missão é uma vocação, é um dom do coração de Cristo para a sua Igreja. Somos “cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão”. (Papa Francisco, mensagem para a Campanha Missionária 2021).
NÃO PERCAMOS O ARDOR MISSIONÁRIO!
- Seminarista diocesano da Diocese de Pinheiro, Licenciado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Teoria Social, acadêmico do 8º período do Curso de Teologia (IESMA). Atua pastoralmente junto ao Serviço de Animação Vocacional (SAV) diocesano e a Paróquia do Divino Espírito Santo (Mirinzal).
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