A EDUCAÇÃO FAMILIAR NA CULTURA DIGITAL

Jorge Aídson Mendes Rabelo¹

Tratar de cultura digital é falar sobre o mundo pós-moderno e suas inovações tecnológicas, das quais nenhum segmento social está isento, inclusive a família. A era digital está provocando uma sublevação em todos os campos da sociedade, fomentando novos jeitos de comunicação, relacionamento, companheirismo, comercialização e consumo, comportamentos, entretenimento e, também, educação. À vista disso, emergiu o que chamamos hoje de “cultura digital”, que está rompendo modelos-padrão que foram estabelecidos em todos os segmentos sociais, inclusive na família. À guisa de conhecimento, precisamos compreender melhor o que é família.

A Constituição Federal de 1988, no Artigo 226, reza que “a família deve ser entendida como o núcleo no qual o ser humano é capaz de desenvolver todas as suas potencialidades individuais, tendo em vista o princípio da dignidade da pessoa humana, além dos princípios do Direito das Famílias.”

A Família, na Doutrina Social da Igreja, é compreendida como sendo

“célula vital da sociedade, primeira sociedade natural, fundada no matrimônio (um vínculo perpétuo entre um homem e uma mulher), santuário da vida, a quem é atribuída uma tarefa educativa que é direito dos filhos, é protagonista da vida social e deve ter a sociedade a seu serviço. A família é importante para a pessoa e para a sociedade, pois é no âmbito da família que o homem recebe as primeiras noções do bem e da verdade, aprende a amar e ser amado e o significado de ser pessoa. De outro tanto, sem famílias fortes na comunhão e estáveis no seu compromisso, os povos se debilitam e é no seu âmbito que se dá a aprendizagem das responsabilidades sociais e da solidariedade.” (Catecismo, 2224).

Convergindo os dois conceitos, podemos afirmar a família é grupo social e a sua força motriz está em perpetuar, preservar a espécie e fazer subsistir a descendência, e que está agregada a uma sociedade cheia de valores e contravalores, passível de modificação no seu cotidiano, com o advento de novas tecnologias, postas a serviço da humanidade.

A era digital, o mundo virtual vem fazendo parte do dia-a-dia das famílias, com um crescimento bem veloz. Estão inovando a forma como as pessoas se comunicam, buscam, trocam informações, se aproximam e fazem aquisição de novos conhecimentos, o que exige tempo para assimilá-las e geri-las.

É salutar que a convivência em família seja a mais prazerosa possível, sem deixar que a cultura digital “governe” o lar. Desse modo, vale lembrar que sentar-se à mesa para fazer as refeições em família e ali estabelecer uma comunhão fraterna é mais importante e eficaz do que comer tendo um celular nas mãos ou um tablet ligado no wi-fi para se conversar com quem está do “outro lado” da máquina. Nesse sentido, os pais devem orientar os filhos no limiar da vida para o uso responsável das tecnologias, a fim que o mau uso destas não incida sobre a perda ou adulteramento de valores familiares.

Por causa da influência direta da cultura digital, os pais vêm sendo forçados a terem um comportamento diferente, pois precisam, mais do que noutros tempos, acompanhar mais de perto os seus filhos, com um diálogo mais aberto, a fim de que evitem indesejadas consequências no âmbito familiar por causa do mau uso das tecnologias.

É preciso que, nesse diálogo livre e fraterno, se oriente sobre todos os possíveis malefícios que as tecnologias podem trazer para a vida e para o âmbito familiar. Para as crianças e adolescentes, é necessário que se fale sobre a conversa virtual com desconhecidos, as fake-news, os jogos eletrônicos – sobretudo aqueles que convergem para suicídios, os sites pornográficos e a indução a menores para a iniciação à vida sexual precoce.

No entanto, é bom salientar que a cultura digital na família também tem os seus grandiosos benefícios, pois mais do que substituir as relações pessoais pelas virtuais, também podem estabelecer uma rede de solidariedade dentro de casa e entre famílias, até mesmo com aquelas que vivem bem distantes umas das outras. Além disso, através do bom uso das tecnologias, se cria grandes laços de amizade e de companheirismo, transpondo o virtual para o real.

Não é demais lembrar que a cultura digital faz parte da sociedade pós-moderna, tendo um avanço bem avantajado. Sendo assim, as nossas famílias não estão isentas às transformações que essa era vem provocando em seu cotidiano. Na verdade, como diz Bauman (2011), “as tecnologias tornaram-se um novo membro e estão inseridas nas relações entre pais e filhos.  Porém, ainda existe restrições em como lidar com este novo membro, tornando-se indispensável fortalecer as relações familiares frente ao uso da tecnologia visando a saúde das futuras gerações.”

Não há dúvidas de que o uso das novas tecnologias pode trazer inúmeros benefícios, mas, como fora dito acima, é preciso que tudo seja orientado, para que não haja prejuízo familiar. Pois a família precisa saber dizer o que precisa ser feito e como deve ser feito, para que se garanta o “tempo da família”, ou seja, momentos de lazer, de leitura, de conversas, de contação de histórias, de religiosidade, etc.

A Igreja, levando em consideração a sua vocação missionária, não deixará de estar a serviço da sociedade, inclusive da célula mater que é a família. Ela promove, através de suas pastorais e serviços, a exemplo da Pastoral Familiar, do ECC, da Catequese, da Pastoral da Juventude, etc., o diálogo entre as diferentes culturas e orienta os seus fiéis para a construção de um mundo novo. Desse modo, valores foram modificados, novos ritos foram surgindo, bem como inovadas maneiras de relacionamentos e novos conflitos familiares.

Por fim, vale lembrar o Papa São João Paulo II, ao falar da família e da sociedade, por ocasião do Ano da Família (1994), “É preciso fazer, realmente, todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, ‘soberana’. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história.” Por esse viés, compreende-se que uma família soberana é aquela que tem autonomia e autoridade para educar os seus filhos. Mesmo que a cultura digital exercendo algum tipo de influência nessa educação, quem deve sempre se sobressair é a força da família no ensinamento e na promoção de valores.

  1. Graduado em Filosofia e Bacharel em Teologia, pelo IESMA; Especialista em Gestão da Educação Municipal, pela UFTO. Coordenador Diocesano, ao lado de sua Esposa Kátia Regina, do Encontro de Casais com Cristo da Diocese de Pinheiro-MA

6 Comentários

  • Amei o material! mto interessante para se pensar na família, enquanto primeira instituição na qual o ser humano está inserida.

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  • Excelente texto, com foco na realidade. Faz-se sempre necessário repensar a família como construtora de valores em meio a realidade que vivemos. Parabéns!

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  • Muito bom o artigo nobre casal, realmente a tecnologia vem afetando as relações familiares dentro de casa. O uso excessivo de celulares estão atrapalhando o relacionamento entre pais e filhos. O diálogo está se tornando cada vez mais raro. As pessoas estão passando horas diante de aparelhos de celular, o que está dificultando os relacionamentos em família.

    Digno de aplausos 👋👋👋👋

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  • Muito bom o artigo nobre casal, realmente a tecnologia vem afetando as relações familiares dentro de casa. O uso excessivo de celulares estão atrapalhando o relacionamento entre pais e filhos. O diálogo está se tornando cada vez mais raro. As pessoas estão passando horas diante de aparelhos de celular, o que está dificultando os relacionamentos em família.

    Digno de aplausos 👋👋👋👋

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  • Muito bom o artigo nobre casal, realmente a tecnologia vem afetando as relações familiares dentro de casa. O uso excessivo de celulares estão atrapalhando o relacionamento entre pais e filhos. O diálogo está se tornando cada vez mais raro. As pessoas estão passando horas diante de aparelhos de celular, o que está dificultando os relacionamentos em família.

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